Luz para iluminar as nações

02 de Fevereiro de 2018

 

No dia 2 de fevereiro, a Mãe Igreja, celebra a Festa da Apresentação do Senhor, iniciando com a bênção das velas fazendo memória do tema da luz para iluminar as nações. Esta festa nos mostra que, conforme a Lei, a consagração dos primogênitos era feita no ato da circuncisão, no sexto dia do nascimento. A purificação da mãe era feita trinta e sete dias depois da circuncisão.

 

No Templo de Jerusalém, por ocasião da purificação de Maria, o justo Simeão profetiza sobre o menino Jesus, que será sinal de contradição até à morte de cruz, momento culminante em que uma espada traspassa a alma de sua mãe, confirmando a profecia de Simeão.

 

A origem da devoção de Nossa Senhora das Candeias, ou de Nossa Senhora da Candelária ou de Nossa Senhora da Luz, ou de Nossa Senhora dos Navegantes, e tantos outros títulos, tem os seus começos na festa da apresentação de Jesus no Templo e da purificação de Nossa Senhora, que acontece quarenta dias após o nascimento. Segundo a tradição mosaica, as parturientes, após darem à luz, ficavam impuras, devendo ausentar-se do Templo até 40 dias após o parto. Nessa data, deviam apresentar-se diante do sumo sacerdote, a fim de apresentar o seu sacrifício (um cordeiro ou duas pombas) e, assim, purificar-se. José e Maria apresentaram-se diante de Simeão para cumprir o seu dever. Levando em consideração a apresentação de Jesus no Templo, nasceu a festa de Nossa Senhora da Purificação. Como Simeão, em seu cântico, diz que Jesus é luz para as nações, nasce o culto de Nossa Senhora das Candeias ou da Luz cujas festas são comemoradas com procissão em que os participantes carregam velas.

 

Esta festa, de certa forma, no passado encerrava as festas natalinas e abria o caminho da Quaresma rumo à Páscoa. Hoje é também o Dia do consagrado na vida religiosa.

 

Simeão e Ana, adiantados na idade e mantendo viva a esperança, se unem para anunciar a notícia da vinda do Senhor, Luz para iluminar as nações e glória do seu povo fiel. De fato, com a entrada de Jesus no mundo, nova luz resplandeceu para nós e o mundo transformou-se em templo, habitação de Deus. Em Jesus brilhou para toda a humanidade o verdadeiro sentido da vida, de pertencer a Deus e de sermos filhos e filhas da luz. E quem levou o Menino para o templo foi Maria. Ela é a porta de entrada de Jesus, nossa Luz ao mundo. Ela também estará de pé, junto à cruz, num gesto corajoso de oferenda do Filho, assumindo o transpassar da espada em seu coração.

 

Por isso, somos convidados neste dia a entrar no templo, ou seja, irmos ao encontro do Senhor, com as velas de nossa fé bem acesas, reconhecendo-O como Cristo, “a luz que vem se revelar às nações” como fez, alegre e agradecido, o velho Simeão. Mais do que nunca nestes tempos obscuros de densas trevas necessitamos deixar-nos iluminar para anunciarmos a luz para o nosso tempo. E, como Maria, fazer também a oferenda de nossa vida, com Cristo, por Cristo e em Cristo ao Pai. Seguindo esta luz, vivamos como filhos e filhas da luz, levando a todas as pessoas a luz de Cristo. Cabe, pois, a nós acolher o Senhor na Liturgia e na vida, com nossas atitudes e ações, como lâmpadas vivas e ardentes, sendo fiéis ao que cantamos. “Sim, eu quero que a luz de Deus que um dia em mim brilhou, jamais se esconda e não se apague em mim o seu fulgor. Sim, eu quero que o meu amor ajude o meu irmão a caminhar guiado por tua mão, em tua lei, em tua luz, Senhor!”.

 

Jesus traz a salvação a todos os homens; no entanto, para alguns será sinal de contradição, porque se obstinam em rejeitá-Lo. O Evangelista São Lucas narra também que Simeão, depois de se referir ao Menino, se dirigiu inesperadamente a Maria, vinculando de certo modo a profecia relativa ao Filho com outra que se relacionava com a mãe: “uma espada atravessará a tua alma”. Com estas palavras do ancião, o nosso olhar desloca-se do Filho para a Mãe, de Jesus para Maria. É admirável o mistério deste vínculo pelo qual Ela se uniu a Cristo, àquele Cristo que é sinal de contradição.

 

A liturgia desta festa solene quer manifestar, com efeito, que a vida do cristão é como uma oferenda ao Senhor, traduzida na procissão dos círios acesos que se consomem pouco a pouco, enquanto iluminam. Cristo é profetizado como a Luz que tira da escuridão o mundo sumido em trevas. Seus pais maravilharam-se do que se dizia d’Ele. Maria, que guardava no seu coração a mensagem do Anjo e dos pastores, escuta novamente admirada a profecia de Simeão sobre a missão universal do seu Filho: a criança que sustenta nos seus braços é a Luz enviada por Deus Pai para iluminar todas as nações: é a glória do seu povo.

 

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

  

 

 

Fonte: http://cnbb.net.br

 

 

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