Docat - Doutrina Social em movimento nas mãos da juventude

18 de Agosto de 2016

 

Por Élio Gasda*


Docat, este é o mais recente título da coleção YOUCAT, uma série de publicações que traduz para o mundo dos jovens os conceitos fundamentais da Igreja. O nome é uma combinação do verbo inglês ‘fazer’ (Do) e ‘Catecismo’ (Cat). O subsídio descreve em 12 capítulos e numa linguagem jovem, a Doutrina Social da Igreja Católica e seu impacto no mundo do trabalho, da economia, da política, da ecologia, da paz. Apresentado pelo papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude (Polônia), é um manual para a ação cristã no mundo.

 

Logo no prefácio os jovens são interpelados por Francisco: “Espero que um milhão de jovens, mais ainda, que uma geração inteira, seja, para os seus contemporâneos, uma Doutrina Social da Igreja em movimento. Porque o cristão que não seja revolucionário neste tempo não é cristão. Jesus diz: «O que fizerdes a um dos meus irmãos mais pequenos, é a Mim que o fazeis.» Muitos santos foram tocados por esta passagem. Charles de Foucault confessou: não há em todo o Evangelho nenhuma palavra que tenha exercido mais influência na minha vida do que estas. Não se pode dizer que a Doutrina Social tem a sua origem neste ou naquele Papa ou neste ou naquele pensador. Ela brota do coração do Evangelho. Jesus é, em pessoa, a Doutrina Social de Deus”.

 

O Docat reflete uma Doutrina Social veemente e, ao mesmo tempo, de esperança. O amor pelos pobres está no centro do Evangelho. Seus direitos sagrados são Doutrina Social de uma Igreja que se volta, em primeiro lugar, aos que são obrigados a viver sem casa, aos refugiados, aos desempregados, aos discriminados, às vitimas da violência das guerras e da idolatria do dinheiro e todos os que padecem injustiça. Os problemas do mundo nunca serão resolvidos sem uma solução dos problemas dos pobres. Está claro o desafio de uma abordagem mais corajosa do amor cristão.

 

As questões relativas à Doutrina Social da Igreja, a partir da exclusão, da distribuição de riqueza e da gestão das instituições financeiras, estão na agenda destes anos de forte crise econômica que se abate cruelmente sobre os pobres da terra. A democracia, a justiça social, a paz são questões que devem concernir a todos, não podem ser deixadas somente nas mãos dos políticos a serviço de um sistema econômico centralizado no dinheiro. Inimigos da democracia, os cleptocratas não toleram a vontade do povo. O papa exorta os jovens a mudarem este sistema, a serem revolucionários. É impossível imaginar um futuro bom para a sociedade sem o protagonismo dos jovens.

O pontificado de Francisco sempre deu sinais inequívocos de inquietação com a economia da exploração, da depredação ambiental e da desigualdade. Cada discurso e cada gesto tem o valor de uma pequena encíclica social, uma chamada de atenção do mundo para com os necessitados. A Jornada Mundial da Juventude não foi diferente. Tudo isso repercute na Igreja, porque Francisco ‘é’ a Igreja fiel à opção preferencial pelos pobres e sem defesa, os preferidos de Jesus. A JMJ foi um incentivo aos jovens para que saiam de si mesmos e de seu cristianismo narcisista e sejam mais solidários com os mais de 2 bilhões de pessoas que vivem em situação de pobreza.

 

A riqueza acumulada por 1% da população superou a dos 99% restantes em 2016 (OXFAM: Relatório Governar para as Elites). Papa Francisco tem razão. Somente uma revolução pode mudar este estado de coisas: “O mundo não pode continuar como está. Se hoje um cristão passa ao lado da necessidade dos mais pobres dos pobres, na realidade não é cristão! Ide também para a política e lutai pela justiça e pela dignidade humana, sobretudo dos mais pobres. Trabalhai para que esta Igreja se transforme, para que seja viva, porque se deixa interpelar pelos gritos dos desprovidos de direitos, pelos clamores dos que sofrem todo o tipo de necessidade e daqueles pelos quais ninguém se interessa”. (Papa Francisco, Prefácio do Docat).

 

Elaborado por especialistas em Doutrina Social, com a participação de jovens de diversos países, a o subsídio está disponível no formato de aplicativo DOCAT App em mais de 30 idiomas. A edição em português estará disponível a partir de setembro em www.paulus.pt e nas principais livrarias.

 

*Élio Gasda: Doutor em Teologia, professor e pesquisador na FAJE. Autor de: Trabalho e capitalismo global: atualidade da Doutrina social da Igreja (Paulinas, 2001); Cristianismo e economia (Paulinas, 2016).

 

 

Fonte: http://www.domtotal.com

 

 

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