Dia 3 de Junho - Sábado SÃO CARLOS LWANGA MÁRTIR (Vermelho, Prefácio Pascal ou dos Mártires Ofício da Memória)
03 de Junho de 2017
O TESTEMUNHO DO DISCÍPULO
A história da comunidade cristã foi-se fazendo na medida em que os discípulos davam testemunho do Senhor e narravam as maravilhas por ele realizadas. Tratava-se daquilo que eles tinham experimentado pessoalmente como prova da bondade divina, mas também das ações em benefício de tantas outras pessoas. A Ressurreição ajudava-os a ler tudo com novos olhos e a partir de novas perspectivas. Tudo tomava um novo sentido.
De fato, só a partir da Ressurreição, os discípulos puderam dar-se contas de quem era Jesus. Quiçá, antes da Ressurreição, não tivessem passado da mera admiração do que Jesus realizava, sem perceber que, na ação do Mestre, o próprio Deus manifestava seu amor pela humanidade. Ou então, não superassem o nível da mera curiosidade, onde o maravilhoso e espetacular os fascinava. Agora, revendo tudo à luz da Ressurreição, tinham certeza de estar diante da salvação divina, operando na História.
Os discípulos que viriam depois só teriam acesso a Jesus, mediante o testemunho dos primeiros seguidores. O acesso físico e imediato ao Senhor não seria mais possível. A fé no Ressuscitado consistiria, doravante, numa tomada de posição diante do testemunho recebido. Só assim seria possível fazer-se discípulo do Senhor. Prescindir do testemunho dos primeiros cristãos, assim como foi transmitido, inviabiliza qualquer ato de fé autêntico no Ressuscitado.
Oração
Senhor Jesus, eu fui levado a ti pelo testemunho de fé de tantos irmãos e irmãs. Que o meu testemunho leve também muitos outros a te encontrarem.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Santo do Dia / Comemoração (SÃO CARLOS LWANGA)
O povo africano talvez tenha sido o último a receber a evangelização cristã, mas já possui seus mártires homenageados na história da Igreja Católica. O continente só foi aberto aos europeus depois da metade do século XIX. Antes disso, as relações entre as culturas davam-se de forma violenta, principalmente por meio do comércio de escravos. Portanto, não é de estranhar que os primeiros missionários encontrassem, ali, enorme oposição, que lhes custava, muitas vezes, as próprias vidas. A pregação começou por Uganda, em 1879, onde conseguiu chegar a "Padres Brancos", congregação fundada pelo cardeal Lavigérie.
Posteriormente, somaram-se a eles os padres combonianos. A maior dificuldade era mostrar a diferença entre missionários e colonizadores. Aos poucos, com paciência, muitos nativos africanos foram catequizados, até mesmo pajens da corte do rei. Isso lhes causou a morte, quase sete anos depois de iniciados os trabalhos missionários, quando um novo rei assumiu o trono em 1886. O rei Muanga decidiu acabar com a presença cristã em Uganda.
Um pajem de dezessete anos chamado Dionísio foi apanhado pelo rei ensinando religião. De próprio punho Muanga atravessou seu peito com uma lança, deixou-o agonizando por toda uma noite e só permitiu sua decapitação na manhã seguinte. Usou o exemplo para avisar que mandaria matar todos os que rezavam, isto é, os cristãos.
Compreendendo a gravidade da situação, o chefe dos pajens, Carlos Lwanga, reuniu todos eles e fez com que rezassem juntos, batizou os que ainda não haviam recebido o batismo e prepararam-se para um final trágico. Nenhum desses jovens, cuja idade não passava de vinte anos, alguns com até treze anos de idade, arredou pé de suas convicções e foram todos encarcerados na prisão em Namugongo, a setenta quilômetros da capital, Kampala. No dia seguinte, os vinte e dois foram condenados à morte e cruelmente executados.
Era o dia 3 de junho de 1886, e para tentar não fazer tantos mártires, que poderiam atrair mais conversões, o rei mandou que Carlos Lwanga morresse primeiro, queimado vivo, dando a chance de que os demais evitassem a morte renegando sua fé. De nada adiantou e os demais cristãos também foram mortos, sob torturas brutais, com alguns sendo queimados vivos. Os vinte e dois mártires de Uganda foram beatificados em 1920.
Carlos Lwanga foi declarado "Padroeiro da Juventude Africana" em 1934. Trinta anos depois, o papa Paulo VI canonizou esse grupo de mártires. O mesmo pontífice, em 1969, consagrou o altar do grandioso santuário construído no local onde fora a prisão em Namugongo, na qual os vinte e um pagens, dirigidos por Carlos Lwanga, rezavam aguardando a hora de testemunhar a fé em Cristo.