15 de Julho de 2015
O IV Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), realizado no campus da Universidade Federal de Rondônia (Unir), em Porto Velho (RO), iniciou nesta segunda-feira, 13. Nesta edição, o tema “Faz escuro, mas eu canto! Memória, Rebeldia e Esperança dos Pobres da Terra”, inspirado no poema de Thiago de Mello, refere-se aos desafios enfrentados pelas comunidades, diante do descaso político em reconhecer os territórios a que povos e comunidades têm direito. Entretanto, a CPT quer se mostrar companheira dos que sofrem.
Cerca de mil pessoas entre camponeses, indígenas, agentes pastorais e militantes de movimentos sociais, de todas as regiões do Brasil, participaram da celebração de abertura do evento, que prosseguirá até o dia 17. Na ocasião foram celebrados os 40 anos da fundação da CPT, quando 40 pessoas carregando cartazes e velas caminharam rumo ao palco.
Sobre o aniversário de fundação da entidade, o bispo de Balsas (MA) e presidente da CPT, dom Enemésio Lazzaris, lembra que desde o início, “a Comissão Pastoral da Terra sempre primou pela permanência na terra, pela luta pelo território, e a necessidade de segurança para viver, que as pessoas devem ter”. Segundo ele, a CPT também tem se preocupado com a agricultura familiar e a produção agroecológica, “e isso aconteceria se houvesse políticas públicas para defender a permanência no campo”.
Dom Enemésio acolheu os presentes e reproduziu algumas palavras do papa Francisco, ditas pelo pontífice no encontro com os movimentos sociais na Bolívia, semana passada. “Que o clamor dos excluídos seja escutado na América Latina”, pediu.
Ao final da cerimônia de abertura, preparada pela Grande Região Noroeste, farinha e açaí, símbolos da região amazônica, foram misturados e distribuídos aos participantes, em demonstração de partilha e comunhão.
Programação
O Congresso tem o objetivo de ouvir as demandas, anseios e lutas dos trabalhadores, a fim de buscar caminhos para construir e fortalecer o trabalho pastoral da CPT nos próximos anos. Os cinco dias de atividades serão de intenso debate em torno da conjuntura atual do país e das igrejas, além de momentos de celebração, convivência, partilhas e trocas de experiências.
Nesta terça-feira, a professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Leonilde de Madeiros, e Plácido Junior, da CPT de Pernambuco, Cacique Babau, do povo Tupinambá e Maria de Fátima, quilombola do Tocantins farão a análise de conjuntura, olhando para a realidade política e econômica do país.
Pela tarde, as tendas serão espaços para discussões e troca de experiências. As sete tendas estão organizadas, identificadas com nomes de rios de Rondônia: Madeira, Pacaás Novos, Guaporé, Mamoré, Machado, São Miguel e Rio Branco. Em cada uma serão apresentadas as experiências selecionadas pelos regionais da CPT e cada dia serão abordadas a memória, rebeldia e esperança. Os resultados das reflexões em cada tenda serão apresentados em grande plenária, na manhã seguinte.
No quarto dia, as tendas debaterão as prioridades da ação da CPT para os próximos anos.
Essas prioridades serão definidas e aprovadas na manhã do último dia, 17.
Cozinhas e festa
Cozinhas foram instaladas para cada uma das grandes regiões, com alimentos de seus estados. Os cardápios dão preferência para pratos regionais e receitas caseiras das comunidades, com uma diversidade de alimentos e pratos que revela a riqueza dos sabores do Brasil.
Como a animação é marca de todos os congressos da CPT, os participantes cantarão canções de luta e de caminhada, com letras que expressam os sentimentos e sonhos de quem batalha por um tempo novo.
Durante as noites, estão previstas diversas apresentações culturais, quando os artistas dos regionais terão a possibilidade de expressar sua arte e suas canções.
Fonte: http://www.cnbb.org.br/