Os símbolos que preparam para o Natal

15 de Dezembro de 2016

 

Numa sociedade totalmente mercantilizada há espaço para os símbolos cristãos? Esta questão se faz sentir ainda mais nesta época do ano em que nos preparamos para a celebração do Natal, chamado de Tempo de Advento. O Natal é carregado de símbolos que lhe são próprios. 

 

Na verdade, toda a fé cristã é simbólica, e o símbolo é a maneira humana mais adequada para expressá-la.O símbolo fala sem precisar ser expresso pela razão ou pelo conceito. Através de um sinal visível, desvela uma realidade invisível. Faz a mediação entre o visível e o invisível, entre a presença e a ausência. O símbolo tem a força de envolver, congregar.

 

Ele nunca pode ser imposto, visto que precisamos nos reconhecer nele. É o ser humano que, na sua configuração cultural, cria símbolos e os reconhece como tais. Nosso Deus, pela sua Encarnação se abaixa à condição humana. Ele é reconhecido pelos pastores através de um “sinal” que os anjos comunicaram: “encontrareis um recém-nascido envolto em faixas e deitado numa manjedoura” (Lc 2, 12). Os magos do Oriente também se guiaram pelo sinal da estrela para chegar até o Menino Jesus (cf. Mt 2,1-12). Em Jesus de Nazaré, Deus falou a linguagem humana e viveu os acontecimentos da existência humana. Deus fala através do homem e de modo humano.

 

Sendo o Natal uma celebração eminentemente cristã, nos lugares onde o cristianismo está presente, alguns símbolos já foram acolhidos e integrados à cultura. Porém, a mudança cultural que vivemos, com frequência, descaracteriza ou substitui os próprios símbolos natalinos. Algumas cidades, pensando nas vendas ou em atrair turistas, enfeitam as ruas com muitas luzes, bem como o comércio. A luz, símbolo essencial do Natal, não tem o objetivo de produzir espetáculos, mas indicar aquele que São João anunciou assim: “A luz verdadeira, aquela que ilumina todo o homem, estava chegando ao mundo” (Jo 1,9).

 

E o símbolo bíblico que a caracteriza é a estrela. Prolifera o Papai Noel e uma infinidade de produtos próprios da sociedade consumista, que na maioria das vezes, nada diz à nossa cultura ou ao nosso clima, como trenós, renas, neve e, até, gnomos. E o presépio, com sua simplicidade e forte acento bíblico, que desde São Francisco de Assis é o melhor símbolo natalino? Com tristeza, algumas vezes, constatamos a sua ausência nas cidades e nas casas neste tempo de espera do Natal.

 

Ele retrata a pedagogia da espera, própria do Advento, pois vai sendo construído aos poucos, até culminar com o Menino Jesus, posto no berço para ele preparado, no dia de Natal. É ele o personagem central do Natal. Recordamos, ainda, a coroa do Advento, com suas quatro velas, que, progressivamente vai sendo acesa, indicando que aquele que é Luz está chegando. Nas portas das casas fixemos a estrela, que indica a família cristã que se prepara para o Natal. “Vem Senhor Jesus, esta família te espera!”, está escrito na estrela preparada para as dioceses do Rio Grande do Sul. Temos, ainda, a árvore natalina, da tradição alemã, que indica, na sua origem, que o inverno do hemisfério norte não é capaz de acabar com a vida, e Cristo é a Vida que chega.

 

Como não recordar os cânticos natalinos, que têm sua mística própria e nos conduzem à alegria pela chegada do Salvador. Enfim, os símbolos devem apontar e conduzir para o acontecimento central do Natal: “Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador” (Lc 2,11).Sabemos que os símbolos, por si só, não são suficientes para esperar adequadamente o Natal, mas eles exercem uma função pedagógica, eles nos envolvem e conduzem ao que eles trazem presente.Com certeza, os símbolos não são em si neutros, mas expressam convicções e são imprescindíveis na formação humana e cristã.


CNBB 13-12-2016

*Dom Adelar Baruffi: Bispo de Cruz Alta

 

 

Fonte: http://www.domtotal.com

 

 

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