RAMOS E PAIXÃO DO SENHOR (Vermelho, Creio, Prefácio Próprio – II Semana do Saltério)
14 de Abril de 2019
(Não há Antífona de Entrada. Terminada a procissão de Ramos, o presidente inicia a missa com a oração do dia, conforme a seguir) (Esta celebração inicia com a saudação, bênção dos ramos, Evangelho e procissão)
Deus eterno e todo-poderoso, para dar aos homens um exemplo de humildade, quisestes que o nosso salvador se fizesse homem e morresse na cruz. Concedei-nos aprender o ensinamento da sua paixão e ressuscitar com ele em sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura do livro do profeta Isaías.
50 4 O Senhor Deus deu-me a língua de um discípulo para que eu saiba reconfortar pela palavra o que está abatido. Cada manhã ele desperta meus ouvidos para que escute como discípulo;
5 (o Senhor Deus abriu-me o ouvido) e eu não relutei, não me esquivei.
6 Aos que me feriam, apresentei as espáduas, e as faces àqueles que me arrancavam a barba; não desviei o rosto dos ultrajes e dos escarros.
7 Mas o Senhor Deus vem em meu auxílio: eis por que não me senti desonrado; enrijeci meu rosto como uma pedra, convicto de não ser desapontado.
Palavra do Senhor.
Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?
Riem de mim todos aqueles que me vêem,
torcem os lábios e sacodem a cabeça:
“Ao Senhor se confiou, ele o liberte
e agora o salve, se é verdade que ele o ama!”
Cães numerosos me rodeiam furiosos,
e por um bando de malvados fui cercado.
Transpassaram minhas mãos e os meus pés
e eu posso contar todos os meus ossos.
Eles repartem entre si as minhas vestes
e sorteiam entre si a minha túnica.
Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe,
ó minha força, vinde longo em meu socorro!
Anunciarei o vosso nome a meus irmãos
e no meio da assembléia hei de louvar-vos!
Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores,
glorificai-o, descendentes de Jacó,
e respeitai-o, toda a raça de Israel!
Leitura da carta de são Paulo aos Filipenses.
2 6 Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus,
7 mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens.
8 E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.
9 Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes,
10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos.
11 E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor. Palavra do Senhor.
Glória e louvor a vós, ó Cristo.
Jesus Cristo se tornou obediente, obediente até a morte numa cruz. Pelo que o Senhor Deus o exaltou e deu-lhe um nome muito acima de outro nome (Fl 2,8s).
N (Narrador): Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo Lucas.
23 1 Naquele tempo, levantou-se a sessão e conduziram Jesus diante de Pilatos,
2 e puseram-se a acusá-lo:
G (Grupo ou assembléia): Temos encontrado este homem excitando o povo à revolta, proibindo pagar imposto ao imperador e dizendo-se Messias e rei.
N: 3 Pilatos perguntou-lhe:
L (Leitor): És tu o rei dos judeus?
N: Jesus respondeu:
P (Presidente): Sim.
N: 4 Declarou Pilatos aos príncipes dos sacerdotes e ao povo:
L: Eu não acho neste homem culpa alguma.
N: 5 Mas eles insistiam fortemente:
G: Ele revoluciona o povo ensinando por toda a Judéia, a começar da Galiléia até aqui.
N: 6 A estas palavras, Pilatos perguntou:
L: Esse homem é galileu?
N: 7 E, quando soube que era da jurisdição de Herodes, enviou-o a Herodes, pois justamente naqueles dias se achava em Jerusalém.
8 Herodes alegrou-se muito em ver Jesus, pois de longo tempo desejava vê-lo, por ter ouvido falar dele muitas coisas, e esperava presenciar algum milagre operado por ele.
9 Dirigiu-lhe muitas perguntas, mas Jesus nada respondeu.
10 Ali estavam os príncipes dos sacerdotes e os escribas, acusando-o com violência.
11 Herodes, com a sua guarda, tratou-o com desprezo, escarneceu dele, mandou revesti-lo de uma túnica branca e reenviou-o a Pilatos.
12 Naquele mesmo dia, Pilatos e Herodes fizeram as pazes, pois antes eram inimigos um do outro.
13 Pilatos convocou então os príncipes dos sacerdotes, os magistrados e o povo, e disse-lhes:
L: 14 Apresentastes-me este homem como agitador do povo, mas, interrogando-o eu diante de vós, não o achei culpado de nenhum dos crimes de que o acusais.
15 Nem tampouco Herodes, pois no-lo devolveu. Portanto, ele nada fez que mereça a morte.
16 Por isso, soltá-lo-ei depois de o castigar.
N: 18 Todo o povo gritou a uma voz:
G: À morte com este, e solta-nos Barrabás.
N: 19 (Este homem fora lançado ao cárcere devido a uma revolta levantada na cidade, por causa de um homicídio.)
20 Pilatos, porém, querendo soltar Jesus, falou-lhes de novo,
21 mas eles vociferavam:
G: Crucifica-o! Crucifica-o!
N: 22 Pela terceira vez, Pilatos ainda interveio:
L: Mas que mal fez ele, então? Não achei nele nada que mereça a morte; irei, portanto, castigá-lo e, depois, o soltarei.
N: 23 Mas eles instavam, reclamando em altas vozes que fosse crucificado, e os seus clamores recrudesciam.
24 Pilatos pronunciou então a sentença que lhes satisfazia o desejo.
25 Soltou-lhes aquele que eles reclamavam e que havia sido lançado ao cárcere por causa do homicídio e da revolta, e entregou Jesus à vontade deles.
26 Enquanto o conduziam, detiveram um certo Simão de Cirene, que voltava do campo, e impuseram-lhe a cruz para que a carregasse atrás de Jesus.
27 Seguia-o uma grande multidão de povo e de mulheres, que batiam no peito e o lamentavam.
28 Voltando-se para elas, Jesus disse:
P: Filhas de Jerusalém, não choreis sobre mim, mas chorai sobre vós mesmas e sobre vossos filhos.
29 Porque virão dias em que se dirá: “Felizes as estéreis, os ventres que não geraram e os peitos que não amamentaram!”
30 Então dirão aos montes: “Caí sobre nós!” E aos outeiros: “Cobri-nos!”
31 Porque, se eles fazem isto ao lenho verde, que acontecerá ao seco?
N: 32 Eram conduzidos ao mesmo tempo dois malfeitores para serem mortos com Jesus.
33 Chegados que foram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, como também os ladrões, um à direita e outro à esquerda.
34 E Jesus dizia:
P: Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem.
N: Então, os saldados dividiram as suas vestes e as sortearam.
35 A multidão conservava-se lá e observava. Os príncipes dos sacerdotes escarneciam de Jesus, dizendo:
G: Salvou a outros, que se salve a si próprio, se é o Cristo, o escolhido de Deus!
N: 36 Do mesmo modo zombavam dele os soldados. Aproximavam-se dele, ofereciam-lhe vinagre e diziam:
G: 37 Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo.
N: 38 Por cima de sua cabeça pendia esta inscrição: “Este é o rei dos judeus”.
39 Um dos malfeitores, ali crucificados, blasfemava contra ele:
L: Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!
N: 40 Mas o outro o repreendeu:
L: Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício?
41 Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum.
N: 42 E acrescentou:
L: Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!
N: 43Jesus respondeu-lhe:
P: Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso.
N: 44 Era quase à hora sexta e em toda a terra houve trevas até a hora nona.
45 Escureceu-se o sol e o véu do templo rasgou-se pelo meio.
46 Jesus deu então um grande brado e disse:
P: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.
N: E, dizendo isso, expirou.
(Todos se ajoelham e permanecem em silêncio)
N: 47 Vendo o centurião o que acontecia, deu glória a Deus e disse:
L: Na verdade, este homem era um justo.
N: 48 E toda a multidão dos que assistiam a este espetáculo e viam o que se passava, voltou batendo no peito.
49 Os amigos de Jesus, como também as mulheres que o tinham seguido desde a Galiléia, conservavam-se a certa distância, e observavam estas coisas. Palavra da Salvação.
O INOCENTE CONDENADO
A paixão de Jesus gira em torno de um paradoxo: um inocente condenado a morrer como os bandidos e os marginais. Seus acusadores foram incapazes de aduzir uma só prova consistente contra ele. A autoridade romana, que deveria confirmar a sentença de morte dada pelo tribunal judaico, declarou não ter encontrado em Jesus nada que justificasse uma punição. Foi por isso que Pilatos achou por bem enviá-lo a Herodes, cuja jurisdição abrangia a Galiléia, na tentativa de confirmar seu parecer. Ao ser enviado de volta, Pilatos deduziu que também Herodes nada havia apurado contra Jesus.
A atitude do Mestre, ao longo de todo o processo, foi de silêncio. Ele agia como o Servo Sofredor, que Isaías comparou com um cordeiro manso, levado ao matadouro. Seu silêncio justificava-se. Era impossível buscar a verdade dos fatos com quem estava fechado para a verdade. Não existe Lei para quem se arvora em senhor da vida e da morte do próximo. Toda tirania descamba para a injustiça.
A fragilidade de Jesus diante de seus carrascos tem a densidade de um gesto profético. Ele se recusou, até o fim, a entrar na ciranda da violência, que paga com a mesma moeda a injustiça sofrida. Não respondendo ao mal com o mal, Jesus conseguiu desarticulá-lo, mostrando que é possível ao ser humano não se deixar dominar por seus instintos perversos.
Oração
Espírito de justiça, que a contemplação da morte de Jesus me torne sensível às injustiças que, ainda hoje, se cometem contra tantos inocentes.
O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês
Ó Deus, pela paixão de nosso Senhor Jesus Cristo, sejamos reconciliados convosco, de modo que, ajudados pela vossa misericórdia, alcancemos pelo sacrifício do vosso filho o perdão que não merecemos por nossas obras. Por Cristo, nosso Senhor.
A Paixão do Senhor
Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, por Cristo, Senhor nosso. Inocente, Jesus quis sofrer pelos pecadores. Santíssimo, quis ser condenado a morrer pelos criminosos. Sua morte apagou nossos pecados e sua ressurreição nos trouxe vida nova. Por ele, os anjos cantavam vossa grandeza e os santos proclamam vossa glória. Concedei-nos também a nós associar-nos a seus louvores, cantando (dizendo) a uma só voz...
Ó Pai, se este cálice não pode passar sem que o beba, faça-se a tua vontade! (Mt 26,42
Saciados pelo vosso sacramento, nós vos pedimos, ó Deus: como, pela morte de vosso filho, nos destes esperar o que cremos, dai-nos, pela sua ressurreição, alcançar o que buscamos. Por Cristo, nosso Senhor.
Fonte: Portal Dom Total - Liturgia Diária