30 de Outubro de 2014
Há 28 anos, romeiros e romeiras de diversos municípios da Diocese de Ji-Paraná se reúnem para celebrar e relembrar a história de opressão luta e conquista da terra pelos trabalhadores de São Felipe d’Oeste.
Organizada pela Paróquia Nossa Senhora de Fátima, de Pimenta Bueno, a 28 ª Romaria da Bíblia, que aconteceu no domingo, 28, reuniu mais de cinco mil pessoas e teve como Tema: “A Bíblia, palavra que alimenta a fé” e o lema; “A terra, dá fruto e alimenta a vida”.
Celebrando a fé e a vida
Tradicionalmente a procissão dos fieis tem início às margens do Córrego Água Santa, local marcado pelo conflito entre trabalhadores e pistoleiros e também onde o padre João Zanoto celebrou, em 1980, a primeira eucaristia de 11 crianças, pois os homens da comunidade estavam acampados naquela região e foram cercados por jagunços.
Durante a caminhada foram colocadas 28 cruzes, em menção às estações da Via Sacra de Jesus. Estas cruzes traziam mensagens sobre os problemas que ainda não foram superados pela sociedade, como a violência no campo e na cidade, a corrupção, violência contra mulheres e crianças, tráfico humano, entre tantos.
Na Comunidade São Cristóvão houve o momento cultural em que os artistas do povo expressaram seu modo de vida, sua alegria e gratidão pelas conquistas ao longo de sua jornada. Frei Paulino Costelo: “Conseguir a terra nunca foi fácil. Desde o povo de Israel foi preciso muita luta para conquistar aquela terra e continua assim até hoje. A gente simples que quer ter o seu chão precisa se esforçar, se organizar e lutar”.
Por ser o ano internacional da agricultura familiar os organizadores da Romaria convidaram o representante da Via Campesina, Claudio Sandos, para falar sobre a Campanha Permanente Contra o Uso do Agrotóxico, a representante da CPT-RO, (Comissão Pastoral da Terra), Liliana Won Ancken, para falar sobre o trabalho escravo em Rondônia e o coordenador do Projeto Padre Ezequiel, José Aparecido de Oliveira, para falar sobre a experiência de 26 anos de trabalho com agroecologia. “ Participar desta Romaria é um ato religioso e social, pois esta romaria surgiu no contexto da conquista da terra e a terra é dom de Deus e deve ser partilhada. A agroecologia é isso: a partilha da terra e o uso correto deste dom, sabendo integrar o homem e a natureza”. (José Aparecido de Oliveira, Coordenador do Projeto Padre Ezequiel).
A Romaria foi encerrada após a celebração eucarística e a bênção dos fieis que retornaram aos lares com o compromisso de respeitar a mãe terra e o cuidado com próximo.
Fonte: PASCOM-Pastoral da Comunicação